
Psicóloga Milene Viana

As Crianças e Jovens de Hoje – Ano 2025
A primeira infância, período que vai desde o nascimento até aos 6 anos, e é considerada uma janela de oportunidades crucial para a saúde, aprendizagem, desenvolvimento e bem-estar social e emocional das crianças. O que acontece nos primeiros anos de vida é determinante para o desenvolvimento integral das crianças, jovens e adultos. As experiências vividas nesta fase têm impacto direto em vários aspetos da vida adulta, como um melhor desempenho escolar e profissional.
Costuma-se dizer que as crianças de hoje são diferentes. Não são iguais às crianças que fomos, que foram nossos pais ou nossos avós. Como dizem, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Esta diferença deve-se às mudanças na sociedade atual, que é substancialmente distinta da de há 20, 40 ou 60 anos. As crianças e jovens de hoje refletem essa nova realidade, e cabe-nos compreender como estamos inseridos nela, sem perder os nossos valores, valorizando também os aspetos positivos do contexto atual.
Este novo cenário caracteriza-se por uma geração com maior acesso às tecnologias, pais que passam mais tempo fora de casa e crianças que dispõem de menos redes de apoio próximas. Este contexto pode originar desafios, como dúvidas na educação, dificuldades na comunicação e ausência de estruturas hierárquicas claras. O modelo tradicional de autoridade sofreu alterações: onde antes prevalecia a submissão (a mãe obedecia ao pai, e as crianças obedeciam aos dois), hoje emerge a ideia de respeito mútuo, tanto no contexto profissional e escolar como no familiar. Este modelo requer, no entanto, um esforço adicional para compreender os limites entre hierarquia, submissão e respeito.
As crianças de hoje, em regra, têm menos irmãos, são filhas de pais mais velhos, com mais recursos e mais tempo de vida. Crescem, sobretudo, em famílias nucleares, frequentemente sem o apoio dos avós ou das comunidades que, noutros tempos, desempenhavam um papel importante na educação. Muitas destas crianças são pouco contrariadas e, por isso, tendem a ser menos tolerantes à frustração e mais egocêntricas.
Esta realidade deve-se, em parte, à diminuição das oportunidades de interação com figuras de autoridade e à escassez de contextos que favoreçam a colaboração e a aprendizagem da responsabilidade.
Nos tempos atuais é comum nós escutarmos a fala de amor dos pais a dizer: “Só quero que seja feliz.” Como se tudo se submetesse a esse desejo como regra. E gera dificuldade de deixar as crianças sentirem outras emoções (tristeza, raiva, alegria e o nojo) emoções inerentes a vida de todo ser humano. Estas crianças de hoje, são nativas digitalmente, mas pouco autónomas e menos ágeis nas palavras. Sabem dizer que querem, mas tem dificuldade de lidar com o “não”.
Embora os tempos tenham mudado, as necessidades fundamentais para a formação do carácter mantêm-se: afeto, tempo de qualidade, brincadeiras imaginativas, a oportunidade de expressarem a sua voz e a capacidade de lidar com hierarquias. O contexto pode ser diferente, mas a essência do ser humano permanece: as crianças continuam a precisar de ser crianças. Também os pais mudaram, mas mantêm o desejo de se sentirem realizados no papel de educadores e de verem os seus filhos felizes, independentes e emocionalmente resilientes.
A partir de agora iremos trazer-lhe mais informações que o irão auxiliar na parentalidade, com o intuito de cuidar ainda mais.

À Sua Disposição, Psicóloga Milene Viana
Membro Efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses.
Mestre em Psicologia. Especialista em Saúde Mental e Terapia Cognitivo Comportamental.
Mais de 15 anos de experiência como psicóloga.
Experiências em escolas no acompanhamento de alunos e orientação dos pais em Portugal e no Brasil.